O teatro no Brasil
De 1900 a 1930, permaneceu com destaque a comédia de costumes, com textos muitas vezes escritos em função do intérprete a que se destinavam, e o chamado "teatro ligeiro", também sem maior definição estilística e formal, levando críticos e historiadores a falar em "decadência". A assinalar, apenas, o crescimento do número de empresas dramáticas que exploravam as revistas, operetas, farsas e dramas de capa e espada, e a elevação de uma consciência nacionalista, que confrontava as companhias estrangeiras que voltaram ao Brasil no pós-guerra (1918) com a instalada "comédia brasileira".
Em São Paulo, onde o proletariado
urbano crescia por obra da industrialização nascente, o teatro anarquista,
influenciado por imigrantes italianos, era porta-voz das sérias lutas políticas
do período (1917-1920). Mas o teatro se mantinha em geral isolado, quer dos
movimentos estéticos de renovação que ocorriam na Europa e aqui repercutiam na
literatura e artes plásticas (como no caso da Semana de Arte Moderna, em 1922),
quer dos sérios acontecimentos políticos da recém-implantada República (1889),
que a literatura refletia (como no caso de Euclides da Cunha, retratando a
guerra de Canudos, ou Lima Barreto, a vida dos marginalizados).
Tentativas individuais de renovação,
pelo menos temática, surgiram com Deus lhe pague, de Joracy Camargo,
incorporando idéias marxistas, ou Sexo, de Renato Viana, aportando teses
freudianas, ou ainda Amor, de Oduvaldo Vianna, trazendo o tema-tabu do divórcio
em uma estrutura dramática já ligeiramente modificada.
Uma iniciativa pioneira digna de
registro foi a de Flávio de Carvalho (1899-1977): em seu Teatro de Experiência
montou O baile do deus morto (1933), que, por levantar aguda crítica ao poder e
suas implicações, à moral e à religião, foi fechado pela polícia em sua
terceira apresentação. Mas suas sementes frutificaram em A morta e O rei da
vela (1937), de Oswald de Andrade.
À medida que o século avançava foram
surgindo tentativas desenvolvimento da linguagem dramática e cênica, como as de
Álvaro Moreyra (Teatro de Brinquedo - 1927), Renato Viana (Caverna Mágica -
1928 - e Teatro de Arte - 1929). Crescia a preocupação com um teatro infantil
com formas específicas de texto e montagem. Fundavam-se e desenvolviam-se
associações de classe, como a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT -
1917), a Casa dos Artistas (1914), ou entidades culturais como a Academia
Brasileira de Teatro (1931) e a Associação Brasileira de Críticos Teatrais
(1937).
Expandia-se cada vez mais por todo o
país a atividade teatral, através de grupos amadores e formas de teatro
experimental. Criou-se um órgão governamental, o Serviço Nacional de Teatro
(1937). Crescia, em outros pontos do país, o número de escolas de arte
dramática.
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