segunda-feira, 28 de julho de 2014

Musicas da Republica Velha

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     Cumprindo o trabalho solicitado pelo professor Albertino Gonçalves, vou falar sobre a música no Brasil no final do século XIX, discorro a seguir sobre um  tema escolhido por mim, isto é, o Chorinho.

Chorinho – Gênero musical brasileiro

     De acordo com minhas pesquisas acerca deste gênero, descobri que o Chorinho foi criado a partir da mistura de elementos das danças de salão européias (como o schottisch, valsa, minueto e, especialmente, a polca) e da música popular portuguesa, com influências da música africana.
     Percebe-se também que no início, era apenas uma maneira mais emotiva, chorosa, de interpretar uma melodia, sendo os praticantes chamados de chorões.
     Imagina que o choro, como gênero, tomou forma somente na primeira década do século 20, muito embora sua história tenha começado em meados do século XIX, em cuja época as danças de salão passaram a ser importadas da Europa.
     Descobri em minhas leituras que no final da Guerra do Paraguai em 1870, somada à abolição da escravatura em 1888 no Brasil e a Revolta de Canudos em 1897, foram fatores determinantes na formação de uma nova camada da sociedade no Rio de Janeiro, composta quase exclusivamente de negros, já então ex-escravos, vindos do interior do estado do Rio, dos estados do Nordeste e em especial da Bahia, quando se formaram pequenas colônias concentradas nos morros em volta dos trapiches do porto, no atual bairro da Saúde, onde exerciam função de estivadores. Estas pessoas que formaram novos grupos mudaram a música e a cultura popular carioca.
     Interessante saber que os grupos de choro são compostos por flauta, cavaquinho e dois violões, os quais surgiram na década de 1870, adotando a serenata como elemento básico de sua estrutura musical. Os tocadores de cavaquinho aprendiam de ouvido polcas e outras músicas em voga e as passavam aos violões que os acompanhavam com interpretações chorosas. E a flauta solista, incorporou-se a eles, desafiava com modulações rebuscadas e a qualidade dos tocadores dos instrumentos de corda estava voltada fazer com que eles não sustentassem o andamento. Esse tipo de conjunto musical, caracterizou-se essencialmente urbano e carioca, desenvolvendo-se espontaneamente.
     Pude observar ainda que a razão da sua existência estava na sua execução primorosa, pois se exigia apurado grau de improvisação de cada um dos seus integrantes. E a incorporação de instrumentos de sopro, como a clarineta, o ophicleide, o trombone e o bombardino, sem que se mudasse a estrutura básica, permitiu a formação de pequenos grupos que passaram a atuar nas gravações do princípio do século XX. Somente próximo aos anos 20 é que se começaram a compor músicas especificamente para eles .
     Desta forma, começaram a surgir grandes nomes de artistas renomados que deram especial atenção ao Chorinho, conforme descrito adiante por mim, começando por:

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Chiquinha Gonzaga

     Nasceu no Rio de Janeiro (1847-1935), foi compositora, pianista e regente brasileira. Primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil. Autora da primeira marchinha de carnaval “Ó abre alas”. Desde criança mostrou interesse pela música. Dedicou-se ao piano e compôs valsas e polcas. Separada do marido, dava aulas de piano e apresentava-se com o conjunto Choro Carioca, em festas domésticas, tocando piano.
     Até então, havia apenas uma referência conhecida à palavra choro: uma composição de Chiquinha Gonzaga intitulada “Só no Choro”. Seu primeiro sucesso, com 29 anos, foi a composição “Atraente”, um animado choro. Sua carreira ganha prestígio com a marcha-rancho “Ó abre alas” feita para o carnaval de 1890.
Atraente – Chiquinha Gonzaga

PIXINGUINHA - pixinguinha e seu tempo

Pixinguinha

     Contribuiu diretamente para que o choro encontrasse uma forma definida. Para isso, introduziu elementos da música afro-brasileira e da música rural nas polcas, valsas, tangos e schottische dos chorões. É o caso do maxixe Os Oito Batutas, gravado em 1918, cujo título antecipou o nome do primeiro conjunto a conquistar fama na história da música brasileira. Protagonistas de uma polêmica temporada de seis meses em Paris, no ano de 1922, Pixinguinha e seus parceiros na banda Os Batutas (um septeto, na verdade) dividiram a imprensa e o meio musical brasileiro, entre demonstrações de ufanismo e desqualificação. Foi também sob duras críticas que Lamentos (de 1928) e Carinhoso (composto em 1917 e só gravado pela primeira vez em 28), dois inovadores choros de Pixinguinha, foram recebidos pela crítica. O fato de ambos terem sido feitos em duas partes, em vez de três, foi interpretado pelo preconceituoso crítico Cruz Cordeiro como uma inaceitável influência do jazz.
Carinhoso – Pixinguinha
Jacob+do+Bandolim

Jacob do Bandolim

     Outra personalidade de peso na história do gênero foi o carioca o Jacob do Bandolim, famoso não só por seu virtuosismo como instrumentista, mas também pelas rodas de choro que promovia em sua casa, nos anos 50 e 60. Sem falar na importância de choros de sua autoria, como Remeleixo, Noites Cariocas e Doce de Coco, que fazem parte do repertório clássico do gênero. Contemporâneo de Jacob, Waldir Azevedo superou-o em termos de sucesso comercial, graças a seu pioneiro cavaquinho e choros de apelo bem popular que veio a compor, como Brasileirinho (lançado em 1949 – e muito tocado até os dias de hoje, integrando a cultura brasileira nesta arte) e Pedacinhos do Céu.
BRASILEIRINHO – JACOB DO BANDOLIM

Ernesto+Nazareth+nazareth

Ernesto Nazareth

     Devo comentar também sobre Ernesto Nazareth, que desde cedo extrapolou as fronteiras entre a música popular e a erudita. O autor de clássicos como Brejeiro, Odeon e Apanhei-te Cavaquinho destacou-se como criador de tangos brasileiros e valsas, mas de fato exercitou todos os gêneros musicais mais comuns daquela época. A sofisticação da obra de Nazareth era tamanha, que (exceto no caso de Radamés Gnattali, um de seus melhores intérpretes) sua obra só foi definitivamente integrada ao repertório básico dos chorões nos anos 40 e 50, por meio das gravações de Jacob do Bandolim e Garoto. Também genial, Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha, contribuiu diretamente para que o choro encontrasse uma forma definida.
Ernesto Nazareth – Odeon (choro)


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